Yu - "O Mundo..."

domingo, 21 de fevereiro de 2010
Despertei do que pareceu ter sido uma vida inteira de sono. Ainda estava cansado da última noite, pois após tempos turbulentos longe dali, estávamos de volta. E como tem sido desde minhas primeiras lembranças da infância, não sonhei enquanto dormia. Ao contrário dela. Fui até o quarto onde ela havia dormido e não estava na sua cama...

O cheiro de pão fresco tomava conta da casa da Senhora Anna, que como sempre que estávamos na cidade, nos recebia em sua casa pelo tempo que precisasse. Ela é eternamente grata à nós desde anos atrás, quando conseguimos salvar seu filho, ainda criança, de um ataque de ladrões à carroagem do pai. Não conseguimos salvar o pai a tempo.

- Bom dia, Senhora Anna - Falei, ao descer as escadas e a avistar andando em direção à cozinha.
- Bom dia, querido! E por favor, me chame de Anna... assim me faz parecer velha! - Disse a senhora já com certa idade, baixa estatura, longos cabelos brancos e uma disposição que me causava certa inveja nessa preguiça matinal. Eu nunca mais consegui falar com ela sem me sentir inquieto ou olhar para o chão, desde o episódio da carroagem. De certa forma, sentia vergonha não pelo que fizemos, mas pelo que não conseguimos fazer.
- Umm.. Desculpe... Me diga, onde ela está? - Perguntei.
- Onde você acha? Levantou antes do Sol nascer no horizonte e está lá...

Saí da casa e fui subindo as escadarias do grande muro que cercava e protegia a cidade, enquanto pensava nela e nos seus motivos.

Lá estava. O Sol parecia se comunicar com ela enquanto nascia no Horizonte. Seu brilho laranja e cada vez mais intenso iluminava como uma luz divina os seus longos cabelos vermelhos e sua espada prateada na cintura, em contraste com sua pele clara como a neve nas montanhas geladas.

Usava uma armadura escura... Não tão pesada e forte como as de ferro que os guerreiros usam nas missões nem tão leve e fraca como a de um aprendiz. Ela sempre precisava se sentir protegida.

Me aproximei e lhe abracei, sem falar nada. Certos gestos dispensam palavras.

- No que está pensando, Yu? - Perguntei.
- No mundo... - Respondeu, enquanto colocava sua mão no meu braço.

Comecei a falar sobre coisas diversas, tentando a fazer sair do seu mundo interior e voltar pra o nosso. Parecia que minhas palavras ricocheteavam... Estava hipnotizada ali, e eu sabia o porquê. Ela então olhou para trás e se virou em direção à cidade...

- As coisas não deveriam estar dessa maneira... Os inocentes irão pagar pelo que não escolheram... - Disse Yu.

Não falei nada, pois não havia o que dizer. Ela então apontou em direção à fonte que ficava no meio da cidade, onde começavam as quatro grandes vielas que a dividia em quadrantes, formando um grande cruz.

Lá estava uma garota, provavelmente de 10 anos ou até menos, segurando uma espada leve mas ainda ofensiva. Ela dava golpes desengonçados no ar, mas possuia um olhar determinado. E de certa forma, frio.

Era para ela que Yu olhava.

- É assim que será o mundo daqui pra frente? - Disse Yu, sem tirar os olhos da garotinha.
- Não devemos julgá-los pelos erros da nossa geração - Repondi.
- Devemos julgá-los sim, mas pelas suas escolhas. E devemos protegê-los - Disse, enquanto segurava com mais força o cabo da sua espada na cintura.

De repente, ouvimos um barulho vindo da direção do Sol, agora com quase todo o seu brilho no céu. Viramos, para ver um cavalo se aproximando rapidamente pela estrada que terminava nos portões da cidade. Ninguém estava montado, mas trazia algo consigo. Havia algo de sinistro em volta dele.

Ficamos em silêncio, e olhamos nos olhos um do outro...

Certos gestos de fato dispensam palavras.

5 comentários:

Pri. =) disse...

Nice history, Be. =3

MahLu disse...

Que lindo!
Adorei!
Continue fazendo mais *-*

Unknown disse...

pouco desenvolvimento pra dar uma opinião final, quero mais uma parte

robson_182_2 disse...

Gostei! Muito bom mesmo.

Raquel disse...

Gostei! Mais tem que ter continuação! O que acontece depois?

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